terça-feira, 30 de março de 2010

As mãos ocupadas (ou o lençol destapando a alma)




Ao final da tarde
voltei aquele jardim

melanc
ólico e vazio
tanto quanto o ch
ão

jazigo de beatas e
lumes de estrelas fugidias

marcas de quem
tenha estado como

eu na vez de

fumando da vida
o que ela rep
õe

minucioso tempo
que passa veloz

onde existe queixo
nariz testa e boca

fen
ómeno de rugas
no avan
çar da idade

sem promessas j
á
que foi sempre assim

enquanto a terra gira
ao contrario e uma gaivota

vinda de longe denuncia o
principio nocturno instante

talvez seja tarde para ter sabido
ou cedo para ainda poder saber

apagar

esse rasgo absurdo real
de n
ão parecer verdadeiro

ter partido e não morrer
desaparecer sem paradeiro

este lago onde ninguém repara
este quarteto onde ninguém amou

aquele corda que ninguém desfez
as mesas onde ninguém se senta

jardim de sombras
com as suas mascaras

contornos incomensur
áveis
caindo para dentro disformes

mostrando apenas o melhor
que d
ói em cada humilde rosto

e tudo o que alguém n
ão diz
é nada do que eu consiga escrever

utopia de regressadas cinzas
antevendo o ritual com que
n
ão me despeço não antes de

beber do luar a impossibilidade
de me ir embora com os pés

ao encontro do fim
sem mais nem menos

«de olhos fechados
muito mais que nu

friamente crua a
lentid
ão com que
progride o peito

ao bater violentamente
a brisa aqui muito mais
longe muito mais perto

de olhos fechados
fechando o olhar
»

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