segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O não escrito




Ao X.y.u,
pela amizade construída nos laços da escrita.
Verdadeiramente.





Que se torne indomável o ritmo cardíaco,
Que caia nas cinzas do que outrora fora
O meu trono. Teu!

Que ao som libertino,
…desregulado
de uma dança vazia
caia mais uma lágrima…

cloreto de sódio
deslize salgado rebentando ininterrupto
pelos caminhos inacabados.
Porque serão as lágrimas,
valsas contínuas e dispersas?
Em tantos olhos
em tantos suspiros?
ah, como são distinguíveis
do mais ínfimo gesto.
como são perfeitas
na sua melancolia.
Mágoa. Essa dança vazia.
Vadia.
Fujo e estalo os ossos no sentido vago
da evasão:
diz-me porque dizes não.
Porque queres que sim
mas,
ao fim ao cabo não te posso
fugir mais.


sem
Fôlego
quase sem amor...
praticamente tão só como da primeira vez.

tão poeticamente sincero
e sentimentalmente longo.
As portas invisíveis a fecharem-se de encontro ao desgosto

porque o verbo condensa todo o afecto.
E o medo.
A ruina
De um desejo de utopia
Sem errar contigo.
a ruina.
rápida e feroz.

Sombra negra que atravessa a brancura
do rosto manchado de tristeza.

Como é interminável a dor...neste
- intervalo doloroso.


Escrito a duas mãos.
Tiago - Celso

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Pensamento II


Aquele era o último beijo
do primeiro homem
do resto da sua vida.

Antes
pensara: Porque é que as pessoas se aprisionam?

Naquele instante
uniram-se e separaram-se.
Num momento
foram uma parte partilhada.

Em silêncio,
e muito devagar.

Ele nos seus olhos
disse:

E se o mundo fosse mudo?

Não houve despedida.
Anos mais tarde

deitada,
finalmente obteve resposta.

Quando muito suavemente adormeceu.
Quando se libertou. O corpo caído na cama do seu lado vazio

e a marca de alguém
que vivera eternamente.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Efeméride da claridade



Pontos luz desenvolvem-se à minha volta.
E em redor da tua sombra
manifestam-se à velocidade com que me questiono.

Acendo a luz e desabafo um primeiro suspiro na tua
ausência.
Faz hoje muito tempo desde que te foste embora.

Saíste por aquela porta clara
no teu vestido preto de seda nos teus olhos
a despedires-te de mim intranquila.

Apenas uma pequena mala na tua mão direita.
Na esquerda o teu pequeno vício que
mantinhas nas horas solenes.

Hoje sinto-te à distância. Nos feixes luminosos
que circulam devagar na minha cabeça.

Serás feliz?

Às vezes gostava de saber porque razão
abandonámos tudo. De perceber
o motivo que nos afastou e nos devolveu
às nossas vidas anteriores- as mesmas que ferimos ao sol duma tarde.

Quando nos conhecemos
tu eras o dia eu a noite
mas interrogo-me senão terá sido desde sempre o contrário.
Eu o dia tu a noite o sol

e a lua como tu dizias- o veneno um do outro era para bebermos a sós, ao luar.

Nesse espaço de noite
que tanto gostavas por sermos mais dois desconhecidos, somente.

Do que será que nos esquecemos?

Entre -tanto, depois.