Hoje queremos voltar amanhã,
sentir como quem rasga
e pertencer como quem fica.
Hoje queremos amanhã ser a madrugada,
inclinar a lua escurecendo a alba
e transbordar o fulgor que resta.
«um dia houve nesse longo caminho»
Hoje sabemos que amanhã
é impossível reverter a água
e recorrer à terra que nos ficou.
Hoje deitamos fora os sinais,
cuspimos todos os verbos passados
e conjugamos amanhã o futuro
em nome dum tempo mais justo.
«um dia haverá que passaremos lado a lado»
Hoje fecharemos todos os sentidos,
com a certeza de quem se confunde
que o mundo amanhã não é a preto e branco.
Hoje fugiremos para lá da imensidão,
amanhã saboreando sonhos intemporais
como quem nasce uma outra vez.
Hoje ficaremos a conhecer o lado indistinto
do espelho norte, como quem abdica do sul
e se ignora aos seus próprios olhos. Amanhã.
Hoje morreremos lentamente,
levando as marcas mais íntimas
do amor amanhã pecado e proibido.
Hoje, à manhã
eles viverão felizes.
Se para sempre for
mesmo que o não seja
será o que quererão guardar.
Quem sabe se «um dia, é»
Hoje. Ou amanhã.
1 comentário:
fico lisonjeada de saber que o meu espaço é visitado por um bom poeta.
adicionarei o teu e-mail, obrigada.
bjinhos
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