quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Limbo






Escrevo-te

a sangue. S a n g u e – essa substância proibida na hora

de uma faca apontada ao coração.

E habita em mim – porventura a mancha que omiti.

Era tudo até ao limite. O tempo estreito

e o lugar incompatível com o espaço.

- Quando foi a última vez que aconteceu? Ou a

primeira em que assim estivemos?

Era o limite em tudo quanto causavas «na sua dilatação

pensar, para não te esqueceres».

A lâmina num acto de alienação avançava certeira «como um grito

finalmente audível. Não posso mais

Os pulmões rasgados de tanta ou tanto

[Incapacidade]

ar comprimido finalmente respirável um êxtase

«quero que desapareças de mim». Dos pés à cabeça

a gravidade entre dois – que excessivamente

impele e balança

«talvez seja tarde para recomeçar. Para refazer o que se desfez».

- Mas saberíamos da despedida de outra forma?

Dois pesos e duas medidas. Agora ou nunca. «Tens a tua

oportunidade». A segunda

num segundo. Um instante só. A minha vida nas tuas mãos. Ou

a tua vida com a falta da minha. Queres?

Escrevo-te. A nódoa que tinge o abismo [entre nós] que fomos mortais.

3 comentários:

Ana Margarida Cinza disse...

porque, às vezes, o sangue que nos corre devia levar todos os produtos de excreção, e nao só os do nosso metabolismo...

porque podemos dar mais de mil oportunidades num segundo, mas a nós próprios sempre nos parece só a segunda...

porque, apesar da faca afiada e aguçada parecer de dois gumes incontornaveis, ha sempre maneira de fazer, desfazer e refazer..por mais oculta que esteja!...(ou pelo menos, é assim que dizem que deve ser)

é sempre reconfortante ler-te*

rita disse...

Ax tuax palavrax fazem xentir bem uma pexoa


bjo


pima Rita

Rute disse...

Tudo tem que ser vivido no limite, o limiar, sejá do que for, dá-lhe outro sabor... Ficar na linha da fronteira... Também faz com que no fim não consigas saltar nem para um lado nem para o outro, que grites que queres que esse sentimento de oscilação (ou qualquer outro, ai tanto faz), podes gritar bem alto, mas não sai...
Um pouco confuso, talvez...
Um beijinho*