sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A sós (ou como deveria de ser)





o lume no interior das chamas

para respirar-te (fumo e cigarros)
primeiro na faísca arrasando
a partir de dentro

segundo
a implosão que a olho nu
nos vai consumindo a ambos

os gestos que arrefecem
passado algum tempo
na mesa voltada para as palavras que
não recebes quando

como quem
escreve contra a luz
e a favor do vento

atravessa o gelo através do
mar
na distância de mar entre dois corpos de
água ardente

as chamas no interior das labaredas
lume antes e depois de tudo de ti
que são lembranças recentes
de quando te reaprendo noutras circunstâncias

de quando mero e casual
digo que não tenho medo
e tu não sabes o que me responder

um dia

serei todo aquele que te cruzará intacta por inteiro
em silêncio

ardendo e fervido perto do fim
apagando o tempo sossegadamente

(e escrevendo só continuarei a es cre ver
ateando o fumo parado num cigarro mudo calado
e sem pontuação)

1 comentário:

Anónimo disse...

Pouco li do todo que escreves... mas gostei especialmente deste "A Sós"... Que me dá a sentir uma solidão acompanhada... Um beijinho.

Rute