uma sala às escuras. estão sentados frente a frente. ela de olhos abertos sem ver nada. porque inicialmente a novidade recebe-os com um véu negro. ele vai falando no escuro para que ela o consiga ouvir. não sabem as horas nem quanto tempo passa. há duas mãos. uma desce devagar pelo rosto nos contornos da testa nariz e boca até ao queixo. a outra voltada para cima em que o tacto desenha uma matéria com sentido. consentido. a audição são reacções soltas. o olfacto é uma mistura de sabores invisíveis. o paladar é um brinde no tilintar dos copos. a visão é feita de apalpadelas. procura e encontro. pequenos movimentos em ínfimos gestos. como se o mundo fosse um duradouro eclipse em pano de fundo. não sabem quanto tempo passou. as horas sucedem-se uma às outras. estão agora novamente sentados. sobre um tapete à luz das velas. olham-se nos olhos. contam os passos até ficarem à distância de uma só palavra. ela segreda-lhe ao ouvido o lado lunar de um sonho. e tem os olhos fechados. ele acaricia-lhe secretamente uma parte do corpo em sinal daquilo que é real. e tem na verdade um brilho intenso. diz-lhe que tem a vida que sempre sonhou. com ela. com os braços à volta dele abraçam-se com força. e nesse momento a magia está em sentir tudo. que é tanto.
domingo, 4 de julho de 2010
cumplicidade (ou as pétalas de um bem-me-quer)
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