terça-feira, 4 de setembro de 2007

Radiografia


Somos o que nascemos.
Nascemos e tornamo-nos.
Vamos crescendo à medida do possível, e por vezes aprendemos com o impossível que nos chega.
À distância ou perto demais.
Vivemos a vida durante a morte.
Lutamos para prolongar a estadia terrena. Conscientes.
Ou inconscientes, uns lutam pela justiça e outros pela bravura e a coragem.
Somos o corpo que nascemos.
A prisão a que nos queremos desprender.
Os braços e pernas dum destino rabiscado muito antes da primeira lágrima.
Do primeiro sorriso.
Do beijo primeiro ou do abraço que démos.
Somos a recordação e a lembrança no mesmo gesto.
A membrana que reveste a pele e a carne.
Somos o resto daquilo que ainda falta.
Daquilo que faz falta.
Enquanto uns lutam pela felicidade e outros pela cura à infelicidade.
Somos os passageiros e os viajantes na mesma estrada.
Pedra.
Pó e matéria circunscrita na terra.
Antes de tudo. No princípio de nada.
Somos o primeiro passo. A fragilidade em aprendizagem.
A fraqueza e a resistência.
E levantamo-nos erguidos sobre os pés.
Caminhando em linhas rectas. Transversais.

Uns mais que outros.
Ninguém como alguém.

Somos um mundo secreto por descobrir.
Trazemos a voz à boca para falar.
Para nos fazer entender, mais do que todos os mistérios.
Antes de nada. No princípio de tudo,
somos o gume da faca a atravessar a esperança e o desejo.

1 comentário:

Anónimo disse...

STUM "SOMOS Todos UM"