terça-feira, 4 de setembro de 2007

Pensamento I

Em vésperas do fim do Verão - época em que durante pouco mais de uma semana, me desintegrei da metrópole e dos seus síndromes populares, conjuntos do dia-a-dia - apresso-me devagar e de forma tranquila quanto possível, a expôr-me ao sol e à inércia dum mar azul e calmo a rebentar de nostalgia na areia de pegadas efémeras e húmidas.

Será este um conceito viável para dizer-se Liberdade?

De facto, longe da agitação humana e dos relógios contra o tempo, tenho encontrado um espaço à paz e serenidade; energias que renovo por estes dias de sossego.

As manhãs levantam-se quando um primeiro timbre de luz me invade pela janela a dentro. É o meu despertar mais puro.

As tardes dissipam-se entre banhos a meio termómetro e olhos solitários que correm na direcção dos barcos, percadores vagarosos e lentas silhuetas a esaparecer no fundo das correntes.

De noite, o corpo embrulhado em sal. Sentado num qualquer lugar não muito longe. contemplando a finitude das coisas - certos momentos - e as variações lunares que ocorrem nesta altura do ano. O brilho do céu deslavado e semi-nu à visão terrena. Um café, pequenos fragmentos e silêncios. O pensar denso - nem sempre - e, ponto.

Certos ciclos terminam quando existe outro no seu começo. E no final deste - ainda presente - fecho as pupilas no exterior, e aqueço de imagens e sensações o espírito indomável da viagem. Sítios, presenças e vazios em alguns casos sublimes e insubstituíveis.

Respiro.

Por fim. À sombra, repouso longamente e despreocupado. Ocupado por ideias que do chão, são meros castelos à mercê do vento.

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