segunda-feira, 4 de junho de 2012

um, dois, um (ou a plenitude)



ela tem muitas dentro de si. ela é só uma, mas com muito mais do que a aparência alta mistifica, em que se constitui. por vezes é um espelho impecavelmente híbrido, seguro e vaporoso. os cabelos adornando a face macia, a base na camada mais fina da pele, o rosto composto num nariz particular. outras vezes, quando brevemente insegura tem um ar mais sério, ainda que sedutora e tranquila no mesmo corpo e na mesma medida. ela veste-se de tramas muito profundas, o fácil não a estimula e o que é comum não a faz vibrar. é sim, o desafio que a move e lhe abre os ângulos que se abrem ao meio permitindo-a abraçar-se com a sua própria sombra. ela é o seu sorrir. é o sorriso. cedo, na presente estação, é encarada com a dedicação instruída por vê-la, ensina ao olhar os olhos cálidos e numa demonstração de valor acrescentado, ela vale todas as sete vidas que tem. e só a vida carece de ser somada numa vida inteira. porque há algo nela, que não chega a ser ausência. habita no que sustém e no que acolhe de peito aberto. convida a oração através das horas escuras de onde vem a luz, e aperta com muita força a bonita cruz que mostra a essência de não parecer deste mundo, nem mesmo quando sofre o que mais ninguém sofre. ela retoca-se como quem cuida de uma imagem rara. diga-se, aquela que é captada com lentes de cor. e depois corre para a rua numa pressa ritmada de confiança e embalo. ela desdobra-se em ser um todo e em alcançar tudo. e sorri, que nem uma criança. é o sorriso, ela é o sorriso. cedo, caminha pelos seus pés repletos de exactidão. e sabe que nunca é tarde para agradecer. ao fim do dia sabe também que só sabe voltar. do amor, consta que deixou-se tatuar numa mão cheia de carícias que sabem a festa. ela, na solenidade fiel ao tacto e no véu a descoberto do toque. em que de manhã é o sol. em que de noite é uma estrela. sempre alta, sempre ao luar.

1 comentário:

. disse...

Adorei. Maravilhoso!