ela tem muitas dentro de si. ela é só uma, mas com
muito mais do que a aparência alta mistifica, em que se constitui. por vezes é
um espelho impecavelmente híbrido, seguro e vaporoso. os cabelos adornando a
face macia, a base na camada mais fina da pele, o rosto composto num nariz
particular. outras vezes, quando brevemente insegura tem um ar mais sério,
ainda que sedutora e tranquila no mesmo corpo e na mesma medida. ela veste-se
de tramas muito profundas, o fácil não a estimula e o que é comum não a faz vibrar.
é sim, o desafio que a move e lhe abre os ângulos que se abrem ao meio permitindo-a
abraçar-se com a sua própria sombra. ela é o seu sorrir. é o sorriso. cedo, na
presente estação, é encarada com a dedicação instruída por vê-la, ensina ao
olhar os olhos cálidos e numa demonstração de valor acrescentado, ela vale todas
as sete vidas que tem. e só a vida carece de ser somada numa vida inteira. porque
há algo nela, que não chega a ser ausência. habita no que sustém e no que
acolhe de peito aberto. convida a oração através das horas escuras de onde vem
a luz, e aperta com muita força a bonita cruz que mostra a essência de não
parecer deste mundo, nem mesmo quando sofre o que mais ninguém sofre. ela
retoca-se como quem cuida de uma imagem rara. diga-se, aquela que é captada com
lentes de cor. e depois corre para a rua numa pressa ritmada de confiança e
embalo. ela desdobra-se em ser um todo e em alcançar tudo.
e sorri, que nem uma criança. é o sorriso, ela é o sorriso. cedo, caminha pelos
seus pés repletos de exactidão. e sabe que nunca é tarde para agradecer. ao fim
do dia sabe também que só sabe voltar. do amor, consta que deixou-se tatuar numa
mão cheia de carícias que sabem a festa. ela, na solenidade fiel ao tacto e no véu
a descoberto do toque. em que de manhã é o sol. em que de noite é uma estrela. sempre
alta, sempre ao luar.
1 comentário:
Adorei. Maravilhoso!
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