Escrevo-te
a sangue. S a n g u e – essa substância proibida na hora
de uma faca apontada ao coração.
E habita em mim – porventura a mancha que omiti.
Era tudo até ao limite. O tempo estreito
e o lugar incompatível com o espaço.
- Quando foi a última vez que aconteceu? Ou a
primeira em que assim estivemos?
Era o limite em tudo quanto causavas «na sua dilatação
pensar, para não te esqueceres».
A lâmina num acto de alienação avançava certeira «como um grito
finalmente audível. Não posso mais.»
Os pulmões rasgados de tanta ou tanto
[Incapacidade]
ar comprimido finalmente respirável um êxtase
«quero que desapareças de mim». Dos pés à cabeça
a gravidade entre dois – que excessivamente
impele e balança
«talvez seja tarde para recomeçar. Para refazer o que se desfez».
- Mas saberíamos da despedida de outra forma?
Dois pesos e duas medidas. Agora ou nunca. «Tens a tua
oportunidade». A segunda
num segundo. Um instante só. A minha vida nas tuas mãos. Ou
a tua vida com a falta da minha. Queres?
Escrevo-te. A nódoa que tinge o abismo [entre nós] que fomos mortais.
3 comentários:
porque, às vezes, o sangue que nos corre devia levar todos os produtos de excreção, e nao só os do nosso metabolismo...
porque podemos dar mais de mil oportunidades num segundo, mas a nós próprios sempre nos parece só a segunda...
porque, apesar da faca afiada e aguçada parecer de dois gumes incontornaveis, ha sempre maneira de fazer, desfazer e refazer..por mais oculta que esteja!...(ou pelo menos, é assim que dizem que deve ser)
é sempre reconfortante ler-te*
Ax tuax palavrax fazem xentir bem uma pexoa
bjo
pima Rita
Tudo tem que ser vivido no limite, o limiar, sejá do que for, dá-lhe outro sabor... Ficar na linha da fronteira... Também faz com que no fim não consigas saltar nem para um lado nem para o outro, que grites que queres que esse sentimento de oscilação (ou qualquer outro, ai tanto faz), podes gritar bem alto, mas não sai...
Um pouco confuso, talvez...
Um beijinho*
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