O Passado e o Futuro não têm o mesmo rosto.
Vou por esta estrada de espinhos e de rosas/na cor do jardim que a infância do amor se recorda/vem comigo e isoladamente contigo.
Não é preciso mais nada/a não ser/acompanha-me
e vem também livre por esta estrada/pisando as pétalas da tua sensatez ilusória/irrisória utopia de nuvens/vem por aqui que é aqui o caminho/vem comigo junto a ti/mesmo que sozinho no arrastar desta escuridão brilhante/acompanha-me só – sempre e tanto
nas margens que flutuam no tempo para além da memória/sigo em frente carregado de palavras versos ou poesia/é o céu que nos trai/ali que mais adiante se encontra a luz que não nos mentiria/vem/vou eu - agora/sereno e cansado/ao longo deste caminho sem aroma a rosas/depois tu/ porque todas elas sepultaram as suas raízes/distintas no mesmo final/terra/pó/chuva semeada/de novo terra/um romance circular do passado/sem ti/em que espinhos eram o sonho tecido e puro/e a rosa o crescimento do belo/do amor/a cura para toda a infelicidade/mas dos espinhos só a cicatriz do acaso/e da rosa/o significado a flor/que morava na janela à beira dos dias/tantos dias vividos/outros nem por isso/imensos dias desperdiçados/violência é abdicar do que não se poderia perder/tanta vivência apoiada na longitude do oceano/na latitude da esfera polar/em que mergulhei por único/tu ainda não existias já/sem ti/em ti/até mesmo eu estava no começo/de tudo e nada/que foi tanto que à janela se respirou/e após/o perfume/a rosas/os restos delas nadando neste caminho por onde vou/através da seiva indiferente e esmorecida/estrada fora intensamente/sigo em frente/no rasgar cândido mas magoado do jardim de que cor/da origem/o amor
No escutar da profunda felicidade
Se me perguntasses para onde vou
(…)