"Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza." - Pablo Neruda
Como gostaria de ser, por vezes, a minha voz dentro da tua boca e dizer as palavras que gostaria de ouvir. A voz que me faz bem. Quando de ti se escuta a explicação do voo
na sua origem, matriz. Raiz e
Como gostaria de ser as imagens que passam pelos teus olhos abertos na distância entre a imagem visível e o real do teu imaginário. Diário, ilusão
como gostaria de habitar, em certos segundos, o abismo secreto do teu coração. Sentir os ventos que te baloiçam na paisagem da vida, o sol que te queima o pensamento quando o fechas num gesto mais agudo ou num grave tom de silêncio
como, porquê, tens razões para ser ave muda? Perguntar-te-ia, a ti
bem lá no alto, no céu depois do mar, abraçado ao sal que largaste na tua viragem, a pique, de repente quase que uma asa me poderia responder
voando e voando cada vez mais veloz,
como gostaria de ser a tua boca, na minha boca calada pelo beijo sem palavras que
escasseia, aproxima-se mas vagueia às voltas, em círculos pelos lugares por onde passo, rente ao espelhos retratos entristecidos no tempo, na clara superfície terrestre sempre presente no esboço que a memória tende a recriar, novamente
como gostaria de ser mais pele, a tua, o arrepio, o frio e o calor que te mordem noite e dia em brando sobressalto, sonho inconsciente
alma e espírito contentes, o meu sorriso no contorno do teu sorrir, a tua boca sobre a minha no mesmo toque, a palavra e o seu par, a tua visão de mundo conforme o mundo visto por mim,
A tua explicação, como gostaria de ser parte da explicação das linhas que traças ao longe
bem de perto, vertigem e desequilíbrio e queda possível embora ampares a base do meu corpo em direcção a ti, bem lá no alto depois do mar,
voando e voando
abrindo o azul transversal e crescendo acentuadamente, voando e voando
- conduz o meu raciocínio
como gostaria de entrar dentro de ti, ficar e deixar-me estar tangente aos mistérios que resguardas de ti mesma, e ficar sabendo o que é estar intrinsecamente no teu
amor, disperso pelos cinco sentidos. Consumido e ao mesmo tempo devorado. A teu lado.
2 comentários:
Lindas as palavras!
"Quem escreve constrói um castelo,
E quem lê, passa a habitá-lo." Silvana Duboc
... Baci! de um dos imensos quartos desse castelo
teetee
nos horizontes surgem por vezes pontos luminosos que nos acendem a existência e nos fazem viver, acordar, respirar...
como é bom termos onde mergulhar, aconchegarmo-nos, e sentirmos..ficar nus e dispersos na amálgama dos sentidos que nos banham, tao doce e profundamente...
suspirei...relembrei...ressenti...
gosto da maneira como escreves por isso mesmo..faz-nos sonhar!
mais uma vez, de parabéns!*
Enviar um comentário